quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A lagarta e os electrões_

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 Senhoras e senhores, apresento-vos um novo insecto: Wockia chewbacca. Esta é a lagarta de uma micro-traça mexicana baptizada segundo a personagem da Guerra das Estrelas. As projecções do corpo e pêlos de formato invulgar nunca antes tinham sido observados e estudos conduzidos no Museu de História Natural de Washington não encontraram explicação para a sua existência. Na cabeça com menos de 3mm de largura encontram-se (de cima para baixo) doze olhos (a vermelho), as antenas e a fieira que produz seda para formar o casulo. "








   Bióloga de formação e ilustradora cientifica de profissão, faz parte do meu dia-a-dia criar e melhorar imagens que têm por objectivo educar e divulgar ciência para os olhos de investigadores e do público em geral. Se bem que a maior parte das imagens que produzo são ilustrações, a fotografia é uma presença constante como ferramenta de consulta e referência e por vezes é também o produto final.

  A fotografia que motiva esta contribuição surgiu no decorrer de um projecto de ilustração em que, em finais de 2005, participava no Museu Nacional de Historia Natural [dos EUA], Smithsonian Institution, em Washington DC. Há já várias semanas que desenhava pequenas lagartas (menores que 3-5 mm) de micro-traças, recorrendo a lupa binocular, para os artigos científicos de um investigador do museu, quando soube da iniciativa da Associação Viver a Ciência de fazer um concurso e exposição de fotografia cientifica. A maioria destes pequenos animais com que trabalhava pertencem a espécies novas para a ciência, nunca antes vistos, descritos, desenhados ou fotografados e que, apesar da sua insignificante presença corporal são muitas vezes imprescindíveis para o balanço ecológico de colheitas e também fascinantes na sua morfologia. Fotografá-los e partilhá-los era quase uma obrigação.
  
   Recorri a Microscopia Electrónica de Varrimento, técnica que cria imagens através da detecção dos sinais que resultam da interacção entre um feixe de electrões incidente e a superfície da amostra (neste caso a lagarta). Dado o modo como as imagens são criadas, as fotografias têm uma profundidade de campo muito elevada o que confere um aspecto característico quase tridimensional; têm uma resolução muito alta; e são necessariamente a preto-e-branco pois apenas a luz nos pode dar informação sobre a cor dos materiais. Esta combinação de características juntamente com a capacidade de ampliar a imagem da amostra até 100 000 vezes faz com que o microscópio electrónico de varrimento seja um dos instrumentos mais utilizados em investigação científica actualmente.






[ fotografia original ]


  Para que a superfície da amostra seja sensível à interacção com os electrões, o material tem de ser submetido a uma preparação cuidadosa: a lagarta foi repetidamente desidratada em álcool e coberta com uma liga metálica - desnecessário será dizer que só se pode usar esta técnica fotográfica em amostras inanimadas!


[ Ficha técnica: A lagarta foi apanhada no campo, limpa e desidratada em concentrações crescentes de álcool absoluto. Posteriormente foi seca por método de ponto crítico e coberta com ouro-paládio. A fotografia foi obtida usando um microscópio electrónico de varrimento Amray 1810 numa ampliação de 73x e depois colorida e manipulada em Photoshop. ]


   O balanço entre o apelo estético e o rigor científico é a ferramenta fundamental do comunicador visual de ciência. Tendo isso em conta procurei escolher a vista mais informativa e atractiva que desse a conhecer a lagarta e fiz um extenso trabalho de edição em Adobe Photoshop para limpar, melhorar e colorir a imagem. Incluo nesta contribuição a imagem antes e depois de ser trabalhada digitalmente e fica evidente que me preocupei em salientar características como os pêlos e os olhos pois são das mais importantes para a identificação destes animais e também das que suscitam mais curiosidade.


   _ O artista tem a liberdade e dever de conduzir os olhos de quem observa para o que é importante observar garantindo que a experiência é gratificante e educativa.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Luis Quinta_Fotografo de Natureza





Fotógrafo de Natureza de renome, o português  Luis Quinta apresenta aqui o seu portfolio, onde as suas qualidades estão bastante bem expressas.
Especialmente fabulosas são as fotografias que conseguiu ao largo dos Açores ou as imagens de cegonhas-brancas, nas arribas da Costa-Vicentina (fenómeno único no mundo).  
O trabalho não fica por aqui, e o que mais impressiona é a riquíssima variedade de espécies retratadas, todas em território nacional.
Vale a pena.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Yann Arthus Bertrand "Bestiaux" & "Chevaux"

Excepcional fotógrafo, famoso pela sua colecção "A terra vista do céu", brinda-nos, aos mais agronómicos especialmente, com duas outras excelentes colecções.




[ + fotos > ]


"Bestiaux" é um catálogo de gado, fotografado no Salão de Agricultura de Paris, no Royal Show do Reino Unido, e em explorações agrícolas do mundo.
Para esta colecção o autor explora a relação do animal com o seu dono, para obter os melhores resultados. Ao fotografá-los juntos conseguiu que ambos se sentissem à vontade e fossem bastante mais expressivos.


"Cheveaux" é outra colecção em que o autor explora o mesmo cenário (pano de serrapilheira cuidadosamente pintado) cheio de textura e luz riquíssima. Ao percorrer o mundo inteiro, mostra-nos espécimes verdadeiramente excepcionais, de variadas raças, bem como, mais uma vez, a relação dos homens com os animais. Sua companhia, seus auxiliares de trabalho ou o seu "status".



[ + fotos > ]


Ainda que estas fotografias sejam de excepcional beleza e qualidade técnica, as melhores de ambas as sérias estão publicadas apenas em livros, que se recomendam vivamente, tanto pela superior beleza das imagens, como pela qualidade de impressão. Fica a sugestão natalícia.

Estas sérias apresentadas na internet têm (apenas) a vantagem de poderem ser descarregadas gratuitamente em grande formato.





segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Laboratório de Imagens "A Ciência em Fotografia"

De 5 a 25 de Novembro 2007, no Centro Ciência Viva de Sintra

"Os instrumentos científicos estão constantemente a produzir imagens de mundos que não conhecemos. Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, o processo de descoberta científica faz-se de imagens que na maior parte das vezes nunca chegam a sair dos laboratórios. Que imagens ficam na gaveta do físico, do biólogo, do geólogo ou do astrónomo? Laboratório de Imagens é uma incursão da
Associação Viver a Ciência no mundo das artes.

Trata-se de uma exposição de fotografias científicas que resulta de um concurso a nível nacional organizado em 2005 pela associação. As imagens vão desde minerais minúsculos a células coloridas, seres vivos fascinantes e fenómenos astronómicos. Em questão estará não só o carácter artístico das fotos mas o conteúdo científico do próprio fenómeno natural que é explicado e contextualizado num texto que acompanha a imagem. É por isso uma exposição para muita gente e muitos interesses. "



domingo, 14 de outubro de 2007


Fotografos da Natureza_2007


Criado recentemente e dando ainda os primeiros passos, o site fotonaturis.org realizou um impressionante evento de fotografia da Natureza, na cidade Leiria. O primeiro do género em Portugal.

Não podíamos deixar passar estas novidades fresquinhas, e deslocámo-nos à cidade da "Mata Real", a ver o que passava por lá...


http://2007.fotonaturis.org/

Mal descemos da camioneta da "carreira", apresentaram-se-nos 105 (cento e cinco, para que se leia bem... ) fotografias de enorme qualidade, algumas com 1,50m de largura (qualquer coisa como um A0, de papel fotográfico) de fauna e flora. São impressões "grande formato", captadas por Filipe Silva, um pouco por toda a Europa e África. Diga-se de passagem, que qualquer uma das fotografias é mais especial, nítida, impressionante e "viva" que a outra.



Altamente aconselhável. Nunca se viu nada assim em Portugal em fotografia da natureza, e raramente se vê em qualquer outro estilo de fotografia.



Depois.. Havia mais 8 (oito!) exposições gratuitas, todas muito boas, à nossa espera, um pouco por toda a cidade (que se aconselha também vivamente a visitar) até dia 4 de Novembro. Basta escolher a que queremos ver asseguir, e tirar um dia para dar uma volta bastante original.


Nunca pensei dizer isto: "Visitem Leiria, vale a pena!"

(Para quem quizer saber, já agora, o famoso estádio de futebol vê-se bem da rua, dá para espreitar lá para dentro e tudo. Parece menos mal ao vivo do que na televisão..)


Finalmente, aqui estão uns sites para terem uma ideia do que podem ver por lá, do que se passa neste mundo da fotografia da natureza e para se enterterem até ao nosso próximo post.. Que prometemos não demorar demasiado...


http://www.fotonaturis.org/

http://www.aefona.org/
http://www.fotonatura.org/




segunda-feira, 21 de maio de 2007

Fotis@ no Lisboa Downtown 07

Tal como no ano passado, a malta do fotis@ deslocou-se a Alfama, a fim de fotografar a fauna migratória que por lá passa nesta altura do ano. Uns estranhos animais que se deslocam sobre rodas, com umas certas tendências suicidas, foram o sujeito desta estória. Aqui fica um cheirinho desta aventura...











sexta-feira, 27 de abril de 2007

Pinhole: fotografia simples

Numa altura em que a fotografia digital está mais que democratizada, bem como os seus suportes (computadores, memórias, etc.) existem alternativas menos complexas que permitem novas formas de abordagem à fotografia. Que tal pensar em fotografia sem lentes e com filme?

Chama-se Fotografia Estenopeica ou pinhole. Uma camera pinhole é uma máquina fotográfica sem lente. A designação tem por base o inglês, pin-hole, "buraco de alfinete". Este tipo de fotografia é uma prática económica e simples pois utiliza uma qualquer caixa em que a luz não penetre. A existência de um pequeno furo, estenopo do grego stenopo faz com que em português se designe este tipo de fotografia por Fotografia Estenopeica.

A pinhole consiste numa maneira de ver uma imagem real, através de uma camara escura. De um pequeno orifício onde a luz é captada para dentro da camera, e sofrendo um movimento de inversão, a imagem é projectada para a parede oposta ao orifício ao contrário. Para produzir uma imagem razoavelmente nítida, a abertura tem que ser um furo pequeno na ordem de 0,5 mm ou menos. O obturador da câmera pinhole geralmente consiste numa mão espalmada ou de algum material à prova de luz para cobrir e descobrir o furo. As cameras pinhole requerem um tempo maior de exposição do que as câmeras convencionais devido à pequena abertura; os tempos de exposição vão de 5 segundos a até mais de uma hora.

Ora bem, chegados a este ponto e partindo do princípio que não nos apetece fazer uma máquina pinhole a partir de uma caixa de sapatos, uma lata de bolachas ou outros recipientes assim (ainda que seja possível fazê-lo), mostram-se planos de construção de uma pinhole em papel cujo download pode ser feito no site Linatree, um santuário da fotografia pinhole. Após a construção (corta e cola) a máquina deve-se aparentar algo parecido com isto:

Para imprimir estes planos (em PDF ou ZIP) aconselhamos papel com gramagem alta, para conferir alguma rigidez à camera: Pelo menos 180 grs/m2 embora o ideal seja a cartolina.

As instruções de construção estão aqui em vídeo e as galerias com fotografias pinhole estão aqui embora possam ser encontradas facilemente no Google.

domingo, 15 de abril de 2007

Concursos Fotográficos_Abril 2oo7

10º Concurso de Fotografia Corroios'2007

http://cfotografia.jf-corroios.pt


Concurso de fotografia organizado por Reticencias Produções e aeESAP
www.reticenciasproducoes.com


Concurso de Fotografia do Clube Parque das Nações
http://clubeparquenacoes.org


1º Concurso Internacional de Fotografia “25 de
Abril”

www.25abril.org/

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Colour_fiLLa




Esta exposição é um esboço sobre luz, cor, textura e forma em material vegetal.

A luz solar é considerada um objecto em si e também um actor. A cor, é uma testemunha aos nossos olhos dos compostos presentes nos vários tecidos. A textura, quando analisada [ou imaginada até] ao pormenor, faz surgir os acabamentos da estrutura principal, com a sua forma específica.

O material vegetal e o tema da natureza surgem na fotografia pela grande variedade de cores e pelo desafio que estas formas “rebeldes” representam em composição e enquadramento, não permitindo uma abordagem apenas mecânica à questão.

Surge no entanto uma pergunta: o que há nos materiais vegetais, nas plantas, nas folhas, nas flores, nas suas ormas e cores que nos emocione ou tranquilize?

Colour_fiLLa é, no seu conjunto, uma proposta de peças decorativas baseadas em elementos naturais, que sejam capazes de introduzir nos espaços cor, formas harmoniosas, luz natural e, afinal de contas, se disso for capaz, alguma vida.

pedrobagoduva@gmail.com



O núcleo de fotografia do ISA, recentemente revitalizado, apoiou e dinamizou esta exposição.

Espera, modestamente, que as suas actividades sugiram, entre outros, um reforço à convivência de disciplinas muitas vezes demasiado afastadas, as ciências e as artes.